sábado, 9 de março de 2013 | By: Isis Cardoso

Lar.

Tudo era vazio naqueles cômodos enormes e sem vida. A luz era fraca e artificial, sem a resplandescência do Sol para trazer um mínimo de iluminação natural a cada canto.  O silêncio era perturbador, a ponto de se ouvir o estalar das lâmpadas, o ar comprimido correndo pelas serpentinas da geladeira, os animais correndo no quintal e até mesmo os carros velozes na rua.

Estavam ali as paredes pintadas, os alicerces, o piso, o teto, os móveis, os cômodos: sala, corredor, quartos, cozinha, banheiro. Havia água na caixa d'água, comida na geladeira, eletricidade nas fiações, eletrodomésticos ligados em standby, mas não era nada daquilo que faltava.

Faltavam aqueles olhos, aquele sorriso. Aquela presença que tornava a casa um lar. O par de braços que dava muito mais conforto que qualquer edredom do armário, a voz que trazia mais alegria que qualquer canção de amor. Faltava a cascata de cabelos negros que se perdia por entre os dedos nos momentos de carinho, a pele que aquecia mais que uma xícara de café.

A casa estava ali, mas seu lar estava distante.