quinta-feira, 17 de outubro de 2013 | By: Isis Cardoso

Engole.

O nome escorregou de seus lábios como se fosse um palavrão pronunciado por uma criança, logo reprimido pelas mãos. Com tantos nomes para dizer, com tantos rostos para olhar, tantas mentes para tentar despertar desejo, por que logo aquele nome?

Era estranho, não parecia a intenção, apenas saiu como uma confissão às paredes pintadas da mais branca solidão. Paredes cúmplices de tantos outros beijos, tantos outros abraços e carícias - e também de incontáveis mares de lágrimas que já escorregaram por aqueles olhos escuros.

Mas não interessava a solidão das paredes, tampouco as canções em seus ouvidos, tudo o que ouvia era o nome, outrora reprimido, ecoando por sua mente, mastigado, engolido,  deglutido e correndo como nutrientes na corrente sanguínea.

Era tarde demais, só poderia contemplar aquele sorriso de longe, sem ser a causa dele, sem paixão ou nada do tipo, apenas a usual gentileza que sempre ardia mais que brasa em pele quente.

(parcialmente baseado em "Engole" - Vanguart)