Passo minutos esperando minha vez de vê-la, estou inquieto e não aguento essa agonia de nunca chegar minha vez. A cada um que se vai, a ansiedade aumenta e eu penso no que dizer, e se ela vai corresponder à minha minha gentileza pelo menos por um instante.
Um passo à frente, mais alguns minutos aguardando. Bato os pés, impaciente. Olho para os ceus, esperando um milagre para o tempo passar ao um pouco mais rápido. Os minutos parecem horas, os outros parecem eternos e meu cérebro explode em milhares de pensamentos por segundo.
Depois de muito aguardar de pé, chega minha vez. Ajeito os cabelos, dou um sorriso pouco pontual e cumprimento-a com polidez. Ela me olha como se eu fosse nada, sequer corresponde a minha saudação. Abaixa seus olhos castanhos e tristes e ignora minha existência para fazer apenas seu trabalho, afinal, eu não sou diferente de tantos outros que encararam uma fila e aguardaram para ter seus serviços.
Tiro as faturas de um bolso e do outro, o dinheiro. Entrego a ela no balcão de vidro que nos separa, e ela me devolve as contas com uma nota fiscal. Agradeço e vou-me embora. Mais uma vez, a mulher da loteria ignorou minha existência.
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