quinta-feira, 29 de abril de 2010 | By: Isis Cardoso

Solução.

  Não consigo mais olhar para outro e sentir as borboletas no estômago, as pernas bambas, as palavras se atropelando em uma fuga alucinada... 

  Sequer aquele que chegou bem perto de ser meu "primeiro amor" me desperta esse frenesi; agora quando o vejo, me sinto triste e tenho vontade de fugir só de olhar naquele par de olhos amendoados outrora hipnotizantes. 

  Viver talvez seja a solução para finalmente encontrar O amor. 

  Não UM, O. Aquele que vaga por aí sem saber que eu sou a pessoa a quem ele deve encontrar, ou que talvez até saiba mas nunca percebeu.

  Viver, sim, pois provocar a própria morte é para os fracos; porém, enquanto me falta obstinação para meus sentimentos me trazerem de volta a vida e desgosto para eles me destruirem, a solução é apenas existir, tal qual a maioria da população mundial (segundo Oscar Wilde) . 

quarta-feira, 21 de abril de 2010 | By: Isis Cardoso

Vício.

  Eu não queria insistir na primeira vez em que tive contato. "Prova, você vai gostar", todos diziam. Gostei, sim, mas acabei me tornando dependente daquela sensação de alegria que tomava conta de mim toda vez que eu experimentava uma dose maior.
  Eu queria a todo instante estar daquela maneira, a qualquer preço. Minha família começou a estranhar meu comportamento, meus amigos de verdade disseram que era furada, mas eu pouco me importei; se tivesse que me ferir só pra ter mais uma dose, eu me feriria sem hesitar.
 Até que eu percebi que aquilo estava se tornando doentio. Tentei me afastar, mas só de chegar perto a tentação era irresistível. Isso me corroía, me deixava em estado debilitado, mas estava sendo forte.
  Então eu recaí, e mais uma vez pude provar daquela satisfação que nada mais me dava, aquele júbilo que nunca mais senti. E nos dias seguintes, me senti mal, covarde, dependente...


 Até que, após alguns anos, acho que não sinto mais o mesmo que sentia quando estou perto de você.
Sim, a paixão é uma droga, e pode até matar.
sexta-feira, 16 de abril de 2010 | By: Isis Cardoso

Tempo.

Quanto tempo o tempo teria? Há tempos o tempo é tempo.
Mas será que há o tempo do tempo? Por quanto tempo 
O tempo passa?De tempo em tempos? Seria
O tempo uma unidade de medida exata?
O tempo de hoje passa como o tempo
Do dia que passou há pouco tempo 
Atrás? Já não sei mais se há 
Tanto tempo para pensar 
No tempo que passa.
UM TEMPO!
Nunca haverá a conlusão do
Tempo de se mensurar o tempo que
Passou há tempos atrás e não há de vir
Tempo perdido nem sempre é tempo aproveitado,
E o tempo continua a passar o tempo incessantemente, 
Por isso às vezes a melhor coisa a ser feita em tempos é  
O ato puro, completo e simples de viver e dar tempo ao tempo.
segunda-feira, 5 de abril de 2010 | By: Isis Cardoso

Relação.

No início, não achavam que seria tão libertador. Ele estava com medo, ela também, mas logo que se despiram de toda timidez, estavam prontos. Um ante o outro, sem nada para cobrir seus defeitos, vestindo suas verdadeiras peles, imperfeitos porém belos.
Compartilhavam com o toque cada ponto sensível de seus seres, e foram se descobrindo como quem junta as pistas de um enigma. E quando puderam perceber, estavam conectados, de corpo e alma, e juntos tiveram uma inundação de todo o júbilo que podia existir, como uma onda de prazer.
Até que acabou. Frios, cada um foi para seu lado como se nada tivesse ocorrido. Naquele instante um dos dois pôde sentir a dor.

Sim, o primeiro amor é uma relação mais íntima do que tudo o que dois corpos podem fazer.