sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011 | By: Isis Cardoso

Encontro.



No fim da noite, passos solitários encobertos pelo breu celeste e o brilho das estrelas e de alguns carros que insistiam em riscar o asfalto. As ruas estavam quase desertas, e as poucas pessoas que caminhavam rumo a seus lares traziam olhares vazios e cansados.

Um rapaz observava a multidão enquanto traçava seu trajeto. Era branco, magro, com cabelos lisos que atingiam a altura do ombro e se moviam com o vento da noite. Olhava para as pessoas atentamente, mas ninguém correspondia à seus olhos brilhantes e negros. Ele caminhava, observava, seguia as pessoas com seu olhar... Mas nenhum par de olhos vinha de encontro aos seus.

Na passarela que cortava a cidade, ele prosseguiu a caminhar, olhando as pessoas que iam e vinham, sem resposta. Até surgir, do outro lado da passarela, uma jovem moça com olhos castanhos e faiscantes, com cabelos ondulados e castanhos-médios presos em um rabo de cavalo. Ele olhava-a olhando as pessoas, procurando alguém cujos olhos atravessassem seu olhar, em vão.

Ele passou por ela, e seus olhares se encontraram. Seus corpos caminhavam em direções opostas,mas seus olhares continuavam fixos, como dois corpos celestes colidindo. Ele continuava com os olhos nos dela, esperando que ela parasse seu corpo delineado de estatura mediana e desse-lhe uma chance de se aproximar. Ela sorriu de canto pretensiosamente, com seus lábios médios e polpudos, e abaixou a cabeça ao se intimidar depois. Esperava que ele voltasse e ao menos perguntasse seu nome, pois era o mínimo que ele poderia argumentar depois de um contato visual como aquele.

Mas ele seguiu seu caminho e ela também. Talvez um dia seus olhos se reencontrassem em outra passarela, em outro fim de noite...Afinal, o mundo gira e as pedras sempre voltam a um encontro no mesmo lugar de onde vieram.

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