sábado, 20 de agosto de 2011 | By: Isis Cardoso

Brincos Negros

Ela olhava para o par de pequenos brincos negros no centro de sua mão esquerda e lembrava-se do dia em que ganhou o singelo mimo de um adorável rapaz. Lembrava-se do sorriso dele ao dar-lhe o presente de um mês de namoro, lembrava da alegria em seu olhar, seguida da insensibilidade do pensamento dela, que remoía-se em "Quando eu vou criar coragem, parar de fingir e terminar tudo?"

Olhava para os brincos e lembrava-se do olhar triste dele, meio mês depois de dar-lhe o regalo escolhido com tanto esmero. Ela fez aquilo, ela não deu nem uma chance para libertar os sentimentos, não quis se prender, nem ser fiel e devotada a tanta paixão que ele oferecia em cada pequeno gesto.

Um ano e meio parecia tarde demais para se arrepender de sua mesquinhez emocional e tentar recomeçar. Em seu cérebro restavam os sentimentos; em sua mão direita, os filetes de lágrimas colhidos...

E na mão esquerda, o pequeno par de brincos negros.

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