segunda-feira, 10 de outubro de 2011 | By: Isis Cardoso

Delírio

Fecho os olhos e você está aqui comigo, sussurrando em meu ouvido que veio cuidar de mim, que eu preciso de você para estar bem, para eu não ter medo. Eu quero dizer tudo o que me incomoda há meses, tudo o que eu quero dizer e não tenho coragem, toda a minha raiva e todo o meu carinho... Mas eu não consigo, doi demais, você me cortou muito profundamente, me tirou todas as palavras, tirou toda a minha saúde e parte da minha alegre vitalidade.

Não digo que não vivo sem você, eu tenho vivido bem nesse ano, eu tenho minhas bases, eu não perdi meu chão, mas quando a dor vem e a febre aumenta, tudo o que eu ouço nessa sala vazia é o som da sua voz, tudo o que eu vejo nesse sofá é o seu corpo junto ao meu. NÃO PODE SER, EU ESTOU SÓ.

Eu quero te pedir para sair daqui, para deixar minhas lembranças, para me deixar ser feliz, para me libertar e deixar a minha vida seguir seu rumo melancolicamente rotineiro, mas meu corpo não deixa, tudo doi. Doem os braços, as pernas, o tronco, a cabeça, até o coração... Mas o que mais me doi é a minha alma assombrada pelas memórias de você, memórias que eu não quero mais manter em mim.



Mas a febre só me permite chorar e dizer não. Você é pior pra mim que essa febre, que eu sei que vai passar.  O que resta de bom é saber que você não está aqui, é apenas uma alegoria psicológica, um delírio febril. (ou não).


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