terça-feira, 8 de maio de 2012 | By: Isis Cardoso

Platonismo.

Ela olhou para ele e tudo o que aconteceu foi a mágica: Os olhares, os sorrisos, as respirações se aproximando, os olhos se fechando, os lábios se abrindo, as línguas se tocando, os corpos se colidindo. O toque dos dedos causava o arrepio da pele e o tempo parecia não passar. Eram segundos que viravam minutos, que quase viravam horas.Não havia mais nada, não havia mais ninguém. Ninguém devia satisfação de nada, eram apenas dois corpos envoltos na distância de um beijo. Um envolvente e aconchegante beijo que existia apenas na mente dela.

Ela olhou para ele e tudo o que aconteceu foi nada: Foi só um olhar, não foi tudo isso. Talvez um dia ela contasse dessa vontade avassaladora de compartilhar seus lábios com os dele, talvez um dia ele percebesse, talvez um dia ele pudesse corresponder...Sem muita certeza, sem muita expectativa e com dúvidas que sobrepujavam sua existência enquanto o sorriso dele fazia-a prender sorrisos abobados e suspiros absortos de vontade de dizer mais do que um sopro infeliz.

Ela olhou para ele e talvez ele nunca saiba o que ela sente, aprisionada pela timidez intrépida de seu platonismo infeliz.


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